Antropologia Forense leva legista a identificar ossadas em Natal

Sempre que o corpo de alguma vítima é encontrado esqueletizado e não é mais possível coletar impressões digitais é o odontologista quem entra em cena para identificar essa pessoa e definir a causa da morte. Especialista em ler fraturas ósseas,  ele consegue definir, muitas das vezes, o sexo,  etnia, a idade e estatura aproximada da vitima, somente com fragmentos de ossos.

“O tecido ósseo ‘fala muito’. Se existirem fraturas é possível definir até mesmo se elas foram provocadas antes ou depois que a vítima morreu. Mas tudo isso é feito de forma bastante meticulosa e com técnicas antropológicas”, explicou o odontologista, Fernando Marinho.

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Ele é o chefe do setor de Antropologia e Odontologia Forense do ITEP e lembra que em 2013, por exemplo, militares da Aeronáutica encontraram uma ossada em um matagal, dentro do Centro de Lançamento Barreira do Inferno, que mais tarde foi identificado como sendo F. M. da S. O homem estava desaparecido há quase 2 anos.

“Enquanto a Polícia tentava localizar algum possível familiar dessa pessoa, fiz a reconstrução facial da vitima, com base em parâmetros científicos da anatomia do crânio. E a irmã dele fez o reconhecimento facial encontrando muitas semelhanças”. 

Mas a reconstrução facial forense é apenas o primeiro passo da identificação da vítima. A técnica tem sido usualmente praticada em institutos de Medicina Legal de vários países e se presta a devolver um rosto aproximado da pessoa quando viva para ser apresentado ao familiar de um suposto desaparecido.

“A partir daí solicitei fotos da vitima para fazer a identificação por meio da sobreposição de imagens. Precisei fazer cerca de 800 fotos do crânio para que as imagens tivessem a mesma angulação das fotos, ao final encontrei vários pontos anatômicos e craniométricos coincidentes que garantiam ser da mesma pessoa”, contou.

Outro caso emblemático no ITEP em que não era possível fazer a identificação da vítima se quer através de exames de DNA e foi usada a mesma técnica foi o de uma idosa de 99 anos. A sobreposição de imagens foi feita a partir de uma foto 3×4 da mulher.

Mas além da sobreposição de imagens do crânio, também é possível fazer a comparação usando exames de raio-x de outras partes do corpo e fichas de tratamentos odontológicos. 

“A identificação de ossadas pela arcada dentária é a forma mais conhecida, sem dúvida, mas a comparação através de radiografias, por vezes, é mais rápida e igualmente confiável ao exame de DNA. A maior parte do nosso tecido ósseo apresenta imagem radiográfica única, uma espécie de impressão digital”, pontuou.

No ITEP foram identificados oito corpos, nós últimos dois anos, com o emprego dessas técnicas antropológicas.